domingo, 19 de dezembro de 2010

Tradução

Suor que se transforma em amor
Contato corporal, com ela, tira-me a razão
Transformei-a em meu pecado visceral
Posto que não quero a cura, apenas a emoção

Sentimento acima do bem e do mal
Os poetas, por vezes, se remetem com dor
Para mim, é minha loucura
Desejo, sofreguidão, amor, paixão, usura

A contemporaneidade diz ser anormal
Mas por ela, sou outro, meu corpo ‘urra’
Sou lua e nuvem à espera de luau
O tempo de mora, ainda que um átimo, é uma surra

Alguns cantam, outros escrevem
Há quem diga que o amor não exista
Com ela, o meu existe, insiste, resiste, seja alegre ou triste
Loucuras traduzidas por mim, e não poderiam ser por mais ninguém.

domingo, 5 de dezembro de 2010

Olhos que nunca viram

Hoje, li uma reportagem em que cientistas descobriram técnicas para recuperar, na totalidade ou parcialmente, a visão de pessoas com problemas nas córneas, sejam elas desde nascença ou por vicissitudes da vida.

Particularmente, fiquei extremamente feliz, não apenas por estas pessoas realizarem o maior sonho de vossas vidas, como por me solidarizar com este sentimento, essa angústia, e essa aflição. Todavia, minha felicidade vai além, pois, para mim, estas pessoas ‘enxergavam’ o mundo de outra maneira, porque ‘olhavam’ com olhos internos, do sentimento, do verdadeiramente humano, portanto, a meu ver, se tentarem empreender ao mundo aquilo que sonhavam/imaginavam, teríamos uma substancial melhora na perspectiva da humanidade, de modo nunca antes visto. Entretanto, se esses outrora cegos estiverem ‘cegos’ da alma como outros, que sempre enxergaram, contemporâneos ou se deixarem ‘cegar’ pelos outros ou, ainda, se se considerarem insuficientes seus esforços para mudanças e desistirem de enxergar ao abrirem mão de suas idéias, estaremos, assim, fadados à hecatombe humana.

Desta forma, torna-se patente que se a humanidade continuar a conjugar os verbos, na 1ª pessoa do presente, vender e/ou vendar em detrimento do ver, no gerúndio, e, por livre arbítrio, decidir por não enxergar, sofreremos bastante. Portanto, nesta vida de ‘ver, vender ou vendar’, resta-nos ver – não ficar mudo – e mudar, pois eu, sozinho, até mudo, mas juntos mudaremos e quiçá modificaremos.

domingo, 21 de novembro de 2010

Engano??

Dizia mentira que era verdade
E quando dizia que era verdade,
Na verdade, era mentira.
Assim, erroneamente, procedia

Mas essa farsa
De ora mentira
Ora verdade
Era para olvidá-la

Ou melhor,
Esconder o amor
Que por ela sentia

Ao brincar com verdade e mentira
Eu, portanto, subjetivei e enganei
Sobre aquele amor que em mim não cabia.

O nunca e o pra sempre

A certeza que temos é que o 'nunca' sempre chega e o 'pra sempre', sempre acaba - como nos diria filosoficamente Cássia Eller em sua canção -, seja por quaisquer motivos isto irá ocorrer, pois nada é tão volátil quanto o 'nunca' e o 'pra sempre'.

Portanto, decerto, desse engano não morremos.




PS: Texto referente ao domingo dia 7 de novembro.

domingo, 24 de outubro de 2010

Mulher

Ó mulher,
Tu de pele glabra
E de beleza rara
Deixa-me louco
Quando estrinde seu gemido rouco


Ó mulher,
Ao seu lado não estou preso
Ao contrário, estou solto
Poderia ser um ébrio, um pródigo
Mas por ti, sou apenas um doido

Ó mulher,
Vórtice da paixão.
Mulher do sim e do não
A mesma face é alegre e triste
És do choro e do perdão

Ó mulher,
Sem você, a vida perde o riste
Sua ausência, deixa-me desventurado
Por isso, que surjas em mim
Como a fé no desesperado!

domingo, 10 de outubro de 2010

O presente, o futuro e a aflição da tecnologia

Aquilo que mais aflinge os visionários, os futuristas, os tecnólogos, e todos preocupados exclusivamente com a tecnologia e seus adventos, é o presente. Porquanto o presente, o hoje, restringe o tempo e, por conseguinte, os avanços, uma vez que o tempo, por mais que queiram ou tentam, não acelera. Os ponteiros do relógio, desse modo, continuam suas performaces paulatinamente, sem se crisparem de preocupação, somente seguindo a sua função vital. Os sedentos por uma novidade, portanto, ficam entre o "velho" da história, ou seja, o passado e o desejado, ou seja, esperado e sonhado para o futuro, assim permanecendo, embora a ojeriza, no restritivo, e não apreciado, presente. Dessa forma, sinceramente, vos digo: Esqueçam os ébrios sedentos, e aproveitem o presente que está em nossas mãos.

domingo, 26 de setembro de 2010

Em todas as esferas

Eu quero você
Como um dia a morte vai me querer
Amar-te-ei sem ausência
Em sua plenitude


Sem você, a vida é sobrevivência
Não rogo onipresença
Mas um amor grande e amiúde
Vigor que nem a morte tem em essência


Assim, nem que da Terra
Eu me mude
Olvidar-te-ei


Pois, se o amor é sempiterno
De Você
Eu também serei.

domingo, 12 de setembro de 2010

Infelicidade se compra, felicidade não

Enquanto as pessoas, viventes deste vale de lágrimas, continuarem a ver o lado financeiro como fim último, permanecerão infelizes ou manter-se-ão à procura da felicidade, sem se dar conta que procurá-la é, simplesmente, não tê-la e desconhecê-la. O objetivo pecuniário, assim sendo, deve ser, na sua melhor acepção, talvez a única realmente boa, um meio, uma ferramenta ou uma ponte para se chegar ao fim, sem esquecermos que até pontes de madeira fazem ligações. Portanto, a ponte não precisa ser a melhor, a mais cara ou a mais moderna, basta, somente, nos dar o fim almejado. Desta forma, ao assimilar este conceito, os seres veriam que felicidade se sente, não se procura ou se acha, tampouco se compra.

domingo, 29 de agosto de 2010

Ter-te-ei

És linda,
Como as noites do Rio
A ti, eu quero amar
Deixas meu corpo no cio
És, cintilante, estrela no ar

És linda,
Não sei se é sol ou lua
Ou se a desejo em casa ou na rua
Talvez, somente, queira chamar-te de querida
Embora esteja sempre vestida

Linda és,
E no meu pensamento vive nua
Junto ao sexo infinito
Pertencer-lhe como as estrelas da Lua
Posto que nosso amor é, outrossim, bonito

Linda és,
Inefável é o amor
Sensível o prazer
Em meus olhos, ainda, há dor
Que é, apenas, por enquanto, estar longe de você.

domingo, 15 de agosto de 2010

Rimas pobres, rico Amor

Seus olhos?
Duas jabuticabas cintilantes
Seus seios?
Duas, grandes, maçãs vigorosas e cheias de vida


Mas o que mais me enternece
São as maçãs do seu rosto
Junto com seu lindo sorriso exposto
E a voz baixa, porém suave, que sai de você


És quem me deixa a sonhar
Seja dormindo ou acordado
Quiçá, quando oportuno, me declaro
Porque, embora de longe, me faz te amar


E em época de frutas vulgares
Não sofres desses males
Digo não apenas por que eu a estime
Mas, mormente, por teres essa beleza sublime

Inefável

Deveria existir uma palavra para exprimir a tristeza, mas que dissesse mais do que a tristeza em si, ou seja, deveria haver um terma ou uma expressão, cujos sentimentos da tristeza inerentes ao nosso corpo, de maneira que de uma só vez expressasse tudo aquilo que carregamos dentro de nós. Todavia, confesso, se este termo fosse vivo, ele, não conseguiria designar o que trago, dentro de mim, pois isto é um "mister" de tristeza, melancolia, saudade que foi e já não o é, impotência, inércia, perplexidade, fraqueza, piedade alheia e de si, sofreguidão, e total prostração física e moral.

Desse modo, exponho a angustia de toda maneira aflitiva, e desculpem- me esse pleonamo vicioso expressado por mim, que é não poder ajudar quem a gente ama, e nunca deixará de amar, porque é sangue do nosso sangue, como diria os antigos.

E assim, tenho me encontrado, entre a cruz a caldeirinha, entre o querer e o não haver o que fazer, e, definitivamente, entre a vontade ensandecida de ajudar e a sabedoria prévia que tudo que for feito é escusado, é em vão, pois não depende em nada de você, no caso em particular, de mim.

Quiçá, a panaceia seja a filosofia antiga, a qual prega: Nada melhor que o tempo futuro para sarar uma mácula do tempo presente. Confesso desconhecer, entretanto, a confiabilidade e validade plena desse axioma, mas admito esperar pela sua validade plena como a madrugada anseia pela noite todos os dias, porque não há dor pior do que ver o sofrimento de um irmão, e estar atado, vendado, sem poder fazer absolutamente nada, senão aguardar o caminhar dos ponteiros do relógio.


PS: Esse texto é relativo ao dia oito(8) de agosto e, é postado hoje, por motivos de força maior.

domingo, 25 de julho de 2010

Qual espécie raciocina?

Nos anais da história canina, nunca um cão matou seu semelhante e deu para outro ser de espécie distinta, tampouco da mesma, comer, porém, já o ser humano...Infelizmente, não podemos afirmar o mesmo concernente ao ser, dito, humano, pois este é capaz de grandes feitos e proezas, contudo, também de atitudes deploráveis, as quais tornam-se, por mais triste que seja constatar, frequentes. Assim, com pesar, corroboro com o famigerado escritor português, único Nobel da Língua Portuguesa, o qual diz que saberemos cada vez menos o que é um ser humano. Ademais, acrescento, humildemente, será o ser ainda humano ou a “humanidade” perdeu completamente, ou parcialmente, o adjetivo humano?

Essa e outras perguntas “pipocam” ao cotidiano, já as respostas vão se esvaindo e quando são “fortes”, demonstram-se, tacitamente, sussurradas como soluções gritadas no deserto, ecoadas para o mundo, ouvidas por ninguém, quiçá nem sequer pelos céus.



PS: Este assunto, o qual não preciso ser explícito para todos entenderem, já está mais do que batido, todavia, eu não havia comentado, portando resolvi abordá-lo, mas de maneira distinta. Deixo, assim, minha indignação.
Qual é o caminho da humanidade?! E retomando aquela vetusta música do Lulu Santos, contesto: Será assim que, infelizmente, caminha a humanidade?!

segunda-feira, 12 de julho de 2010

Não é de Dirceu

Não sou Tomás
Não sou Antônio
Não sou Gonzaga
Tampouco inconfidente

Mas meu amor é assaz
Sou, porém, anônimo
E ela minha mulher amada
Destarte, deixa-me contente

Seu nome é homônimo
Ela não é de Dirceu
O que me faz querer mais

Como ela não é dele
Procuro ser o antônimo
Pois, Dela sou eu


PS: Desculpo-me, com os, poucos, que lêem e estimam este, inexpressivo, blogue, pelo atraso da postagem, mas esse ocorreu em razão de problemas técnicos.

domingo, 27 de junho de 2010

Homenagem a José Saramago

Decerto, essa minha homenagem não é nada, uma vez que não terá, obviamente, repercussão (e nem tenciona a ter) e torna-se ainda mais insignificante porque, como tantas outras, é pós-morte. Todavia, por ter grande estima a esse escritor, único nobel da língua portuguesa até então, e leitor de suas obras, faço uma singela homenagem.

Faço-a porquanto considero que cresci como agente humano depois de ler José Saramago, uma vez que sua visão crítica do mundo contemporâneo alertou-me sobre inúmeras situações, que muito provavelmente não as veria sozinho e se pudesse ver, demoraria, certamente, muito mais.

Assim, sem mais tergiversações, deixarei para a reflexão de todos duas epígrafes de dois livros do autor, deixo claro que por escolhê-las, não as considero melhor que as demais, somente optei por elas, como poderia ter sido outras tantas desse notável escritor. Elas são respectivamente dos livros, "Todos os nomes" (1997) e "Ensaio sobre a cegueira" (1995).

Conheces o nome que te deram, não conheces o nome que tens. - Livro das Evidências.

Se podes olhar, vê. Se podes ver, repara. - Livro dos Conselhos.

Ambas, creio, valem o deleite literário e a reflexão humanística.

domingo, 13 de junho de 2010

Quem precisa de salvação?

Ressalva: Se fores patriota de seleção brasileira, por favor, ignore-me ou então nem inicie a leitura das alíneas vindouras, pois para você será uma ofensa inenarrável. Ademais, quero deixar bem claro, que não sou contra eventos esportivos ainda mais os envolventes ao mundo, tampouco sou contra o futebol, muito pelo contrário, o esporte bretão é intrínseco às minhas veias, pulsa nelas juntamente ao meu sangue. Logo, espero que não levem como um, reducionista, pessimismo ontológico.


Pronto. O circo está armado. O carnaval iniciou-se.
Em intervalos de quatro anos, o Brasil, simplesmente, para, ou melhor, acorda para um pseudo, temporário, patriotismo, o que nos faz remeter à ideia de mais um carnaval a cada interlúdio deste. Somos definitivamente, assim, o país do feriado e carnaval muito mais do que o futebol propriamente dito, e a propósito para aqueles que não sabem, pesquisas comprovam que, em nosso país, apenas quarenta e poucos porcentos gostam e acompanham futebol, logo se corrobora a tese de que somos sim o país do carnaval e do feriado.

Pressuponho, então, que há esta mobilização porque existe uma identificação entre a seleção e o Brasil. Todavia, não duvido que essa ligação já tenha existido, porém hoje é inventada e trabalhada pelos meios de comunicação que, de certa maneira, manietam o povo. Suscito uma pergunta, dessa forma: O que é o Brasil, e o que é a seleção? Sugiro a reflexão.

Após esta, vejo uma dicotomia e uma distância colossal entre elas. Não sei ao certo, logo, se a seleção não representa o Brasil ou se o Brasil não é representado pela seleção. Vejamos bem, isto se evidencia ao passo que a maioria dos jogadores da Seleção não mora no país, não falam, cotidianamente, nossa língua, não usam a mesma moeda que nós, tem hábitos culturais diferentes e não raramente, sequer, desejam voltar ao Brasil.

Destarte, quando a seleção está em campo não enxergo o Brasil, pelo contrário, vejo um Brasil fora dele e este com fome, na miséria, sem educação, e por que não sem liberdade, uma vez que de liberdade depreende-se ter direito à saúde, cultura entre outras coisas. Lembro-me, portanto, de Gabriel O Pensador que diz: “Futebol não se aprende na escola, por isso que o Brasil é bom de bola”; certamente, senão, seríamos com a bola, nos pés, analfabetos funcionais.

Porém, assim vive o pseudo patriotismo e a cegueira total, pergunto-me, então, quantas bandeiras resistirão se houver uma eliminação precoce? Sugiro, logo, ignorarmos a seleção e nos preocuparmos com aqueles que querem os nossos olhos, somente, na seleção e investem na alienação. Por fim, invoco uma bandeira que representou e sempre representará o Brasil, trata-se de Manuel, sim, Manuel Bandeira. Se fosse, ele, vivo perguntaria, se Pasárgada é melhor e se há lugar para todos lá. Pois, melhor seria irmos para Pasárgada, porquanto lá ninguém quereria a salvação da seleção.

domingo, 30 de maio de 2010

A – sua – frustração

Jamais terei a intenção de ofender alguém, porém admito que as palavras e as opiniões ofendem os outros, sobretudo quando divergem desses. Não obstante, desculpo-me de antemão, caso nas alíneas vindouras eu ofenda. Aconselho, ainda, se não gostar de minhas opiniões ou idéias não voltar mais e tampouco comentar, pois poucas respostas são tão eloqüentes quanto o silêncio ou tão verdadeiras quanto à indiferença. Dito isto, discorrerei acerco do título proposto, ajeite a cadeira, leia e reflita.

Este substantivo utilizado, no título, para principiar minha elucidação é altamente reflexivo, uma vez que por mais que pessoas costumeiramente se dizem frustradas com algo ou com alguém, na verdade não estão, visto que elas encontram-se frustradas com elas próprias. Posto que, o fenômeno da frustração caracteriza-se por alguém ansiar, desejar e, sobretudo, criar expectativa, em excesso, a respeito de algo ou alguma pessoa e posteriormente não ser correspondido, portanto a partir deste momento liga o seu sentimento a coisa, quando de fato não foi/é.

Destarte, demonstra-se patente dois fenômenos da frustração, um diz respeito a alijar-se da culpa por esperar em demasia quando não devia e outro é encontrar algo/alguém para transferir esta culpa, os quais, ambos os fenômenos, acabam por coincidir, porquanto a referida frustrada desobriga-se do mal que fez a si mesma, sem perceber. Logo, evidencia-se a natureza reflexiva da frustração/culpa e caso ela não criasse tamanha expectativa não tivesse feito mal aos dois, sobretudo a ela, e assim, quem sabe, teria vivido outra história.

Somos sapientes, todavia, que o empirismo nos ensina bastante e, de modo geral, devemos usá-lo como panaceia, pois desta maneira usaríamos do racionalismo para não desejar em excesso o que não é possível ter e caso, ainda assim, fizéssemos, não procurássemos algo para transferir a responsabilidade, e sim, reconhecêssemos em nós a frustração, pois esta quer queiramos ou não, é reflexiva.

A meu modo de ver, portanto, ao menos, evidencia-se que somos seres humanos e obviamente nos caracterizamos pela emoção, porém devemos usar a capacidade de termos um telencéfalo desenvolvido e os polegares opositores e ligarmos a esta emoção inerente a nossa cognição, com finalidade de usufruirmos melhor da própria emoção, e não maculá-la. Desta forma, o elo entre capacidade de raciocínio e emoção nos elevaria, e nos tornaria mais felizes – ou menos infelizes – e mais capazes, e, quem sabe, amores perdurassem, ao invés de terminarem abruptamente, como um texto que termina em uma vírgula, ao invés do ponto final. E, mormente, quem sabe ela não veja aquilo como uma vírgula, em detrimento a um ponto final, ou, ainda, um ponto e vírgula a espera do recomeço.

domingo, 16 de maio de 2010

Aprendizagem

Temos que aprender a usufruir cada momento de nossas vidas, seja ele o ócio ou o mais penoso trabalho. Porque, decerto, quando tivermos um, sentiremos a ausência do outro, porém se os conhecermos bem nos contentaremos com qualquer um que se encontrar em nossas mãos.

domingo, 2 de maio de 2010

Que fortaleza?

A fortaleza humana é a mais fraca de todas, simultaneamente forte a grandes desafios é vulnerável a substâncias microscópicas, as quais podem abreviar a existência. Contudo, nem assim perde sua arrogância, apenas quando de fato, realmente, padece, pois então encontra a humildade e tenta desculpar-se, ainda que tarde seja, de sua presunção, intolerância e maldades, recorrentes como agente humano.

domingo, 18 de abril de 2010

Adágio da felicidade

A felicidade é feito o sol, está sempre presente, às vezes se esconde atrás de nuvens, chuva, neblina ou da noite, e assim não a vemos em nossas vidas diretamente. Porém, não devemos nos preocupar porque ela retornará para nos iluminar.

domingo, 4 de abril de 2010

O bêbado e o sóbrio

Eu entrei em um trem, ou como diria em Portugal, em um comboio, e ele estava meio cheio, tal qual fica, sempre, o copo dos bêbados, pois nunca está meio vazio. Mas as pessoas que aqui estão têm outra sede, e encontram-se sedentas por trabalho, por dinheiro, são alcoólatras. Já os bêbados, em contrapartida, paradoxalmente não são sedentos, não sentem sede, porém bebem apenas por ingerirem um líquido agradável ou quiçá para dar matéria peso, ou melhor, líquido ao que gostam e chamam de vida. E agora? Quem é louco? Quem está certo, se é que o certo existe? Quem faz mal ao próximo e a si? Quem é alcoólatra?

Perguntas difíceis para se encontrar 'soluções unânimes', entretanto vividas cotidianamente como se cada um tivesse sua resposta sussurada por Deus.

domingo, 21 de março de 2010

Que BRASIL é esse?

Se o Brasil fosse um país
Eu o poria em manutenção
Mas é madeira
Portanto, vos falo da podridão

Do senado aos deputados
Tem mensalão
Quando Arquimedes gritou “Eureka”
Foi por desvendar o mistério

Dinheiro, bem guardado, é na cueca
Se não fosse assim
Não seríamos um país sério
Talvez por isso não gostem de mim (estudante)

Porque sou contra o alienado
Digo (nós estudantes) não a alienação
Afinal, antes só do que mal amado
No país, que todas as terças para no Paredão

Há mais sim do que não
Claro, consoante aos interesses
Salve a Seleção! Salve o Paredão!
Que país é esse?

domingo, 7 de março de 2010

Se eu soubesse

Quando eu era pequeno, pueril e inocente queria crescer, realizar sonhos e trabalhar, porque via nos adultos, inclusive meus pais, uma grande agitação com compromissos e responsabilidades, situação pela qual me sentia seduzido. E talvez como qualquer criança objetivava ser adulto, ledo engano o meu. Pois hoje, da mesma forma, como todos os adultos gostaria de retornar à infância e à minha inocência, às quais tenho excelentes reminiscências que me dão felicidade. Entretanto, somos assim mesmo, nós seres humanos, em geral, não estamos felizes com o que temos, pois sempre queremos mais ou gostaríamos de ter aquilo que não temos, e talvez, quase sempre, não aproveitamos o suficiente quando possuímos.

Em razão disso, costumo dizer que para deixar alguém feliz deve-se dar a ela, a pessoa, exatamente, aquilo que ela não quer e logo encontrará a felicidade, embora seja um método não tradicional, retrata a realidade.

Portanto, se soubesse o tanto de problemas aos quais enfrentamos ao nos vermos adultos e sobretudo o quanto é custoso – literalmente – e perturbador nos deparar com problemas sociais, e com questões pontuais como a vida e a morte, preferiria continuar a ser uma criança, a qual em uma redoma de vidro tem nos pais seus heróis e fortalezas monolíticas. Pois, os filhos serão protegidos pelos seus progenitores sempiternamente. Contudo, tendo em vista a impossibilidade desta solução, proporia uma alternativa, porém somente se tal privilégio fosse concedido a mim. Esta seria um pedido a Deus pai, todo poderoso, para que tirasse de nossa carga genética o gene encarregado pela inquietação e, também, a perturbação que nos acomete vez ou outra, por exemplo, quando não nos satisfazemos com o que temos ou nos defrontamos com males irremediáveis. Deste modo, encontraríamos uma forma de melhor viver, todavia se tivesse capacidade para diagnosticar com antecedência, não pensaria e tampouco escreveria soluções, simplesmente poria em prática a ação.

domingo, 21 de fevereiro de 2010

Fim do carnaval

Viajaria nesse carnaval, mas por motivos pecuniários resolvi abrir mão da viagem para gastar o dinheiro com o que julguei ser, na frente, mais proveitoso. A viagem estava certa, tinha planejado há tempos, seria um carnaval diferente, no entanto, optei pelo pragmatismo e mais uma folia no Balneário de São Sebastião, a propósito já são dezenove por aqui, pois um passei em Cabo Frio, quando tinha uns cinco ou seis anos.

Enfim, a rotina seria a mesma e a monotonia já era vista, a ponto de falar inúmeras vezes que seria ruim ficar na Cidade, a qual os turistas passam férias e eu moro, mas essa insatisfação era em razão da frustração por eu mesmo ter vetado a minha já citada viagem. Meus amigos e minha experiência me levaram à praia, ao mar e às ruas que conheço de cor, e talvez por isso, cria que seria entediante. Contudo, a vida tem dessas coisas, sobretudo o destino, que quando vamos a murmurar e reclamar, já está atrás de nós e já estendeu a mão para tocar-nos o ombro e presentear-nos com seu afeto. Assim, desta vez, também foi, pois reencontrei amigos, os quais fazia tempo sem ver e conheci pessoas, das quais certamente levarei por anos, quiçá por vidas. Mormente descobri mais desse lindo e imenso Balneário, a ponto de compreender haver mais do que apenas mar, praia e montanhas, porque há, outrossim, uma inefável “mar e ilha”, e sobre esta, se o neologismo soa mal ou agride o visual, perdoe-me o português. Por minha defesa uso às conotações da mente e do coração, e a elas sempre haverá perdões. Portanto, nunca tive tanta certeza daquele adágio de Vinícius de Moraes, o qual dizia: “A vida é a arte do encontro, embora haja tanto desencontro pela vida!” O poeta esteve, está e sempre estará certo, felizmente.


Falando, politicamente, dos pontos positivos e negativos do carnaval de rua:

Positivo: Poucas vezes se viu nas ruas cariocas tamanha segurança, em um carnaval, para as pessoas, sejam elas moradores como turistas, além da organização do trânsito. Além claro, dos banheiros químicos holandeses, os quais mostraram ser eficientes, e ademais caíram no gosto popular, não obstante serem poucos pela cidade.

Negativo: Dar-se pelos términos dos blocos demasiadamente cedo, por inúmeras vezes, antes mesmo até do sol se pôr. Ainda existe a questão periclitante de urinar nas ruas, pois como o governo não concede meios suficientes, no caso banheiros químicos, para os foliões se aliviarem das necessidades fisiológicas, e quando concede se esquece da higiene, é natural que a rua seja alvo das pessoas. Logo, a meu ver, antes de “criar” o crime de urinar na rua como ato obsceno, algo inverídico, pois quem faz, de fato, quer se esconder e apenas se aliviar, logo não constituindo uma obscenidade, o governo deve dar subsídios para os foliões fazerem suas necessidades com descrição e higiene.



PS¹: A preocupação com o trânsito durante o carnaval, uma época de exceção, logo entende-se o transtorno nas ruas, é válida, mas por que não ocorre tal diligência durante todo o ano?! Por que esse zelo não vira rotina e deixa de ser, também, uma exceção?!


PS ²: Doravante, este blogue será atualizado quinzenalmente.

domingo, 7 de fevereiro de 2010

Tempo errado

Definitivamente, se eu tinha alguma dúvida não tenho mais, eu não sou do mundo atual. E por mais paradoxal que possa parecer, hoje, tenho certeza: Eu não sou contemporâneo do mundo que vivo.
E fatores que, para mim, comprovam isso são vários e posso enumerá-los, além de justificá-los.
Não tenho a rapidez, agilidade e efemeridade que o mundo necessita, pois é inerente, a minha natureza, ser calmo e devagar, porém devo confessar que vez ou outra, por influência externa, ajo contra a minha essência e a favor da maré, o que claro me faz mal.
Não me enchem os olhos as músicas de sucesso que a juventude admira, porque são tão efêmeras quanto vazias, no meu modo de ver. Prefiro músicas antigas, sons melódicos, conotações infinitas, a qual a imaginação vive sempre a navegar, apesar de gostar, também, de uma ou outra que contrarie esses conceitos.
Tampouco me enchem as vistas a necessidade de lazer televisiva, com seus falsos entretenimentos e suas pseudos contextualizações e preocupações com a sociedade, pois o interessante para as emissoras é o lucro, ainda que para tal se venda o sofrimento, a desgraça e a miserabilidade, e acreditem, pasmem, é o que mais fazem.
Tampouco gosto da falta de educação do mundo de hoje, pois ser educado, cortês e cavalheiro tornou-se uma falta de qualidade ou o que é pior, um defeito.
Acredito que seja sem propósito a apologia ao homossexualismo , não que eu seja discriminatório ou coisa parecida, mas creio que tal é semelhante a banalização do corpo da mulher e do sexo, ou seja, desnecessária. Além disso, essas incidências nos canais midiáticos constituem uma agressão ao ser humano, pois a essência desse é tida de maneira irrelevante. Há um amigo meu que diz: “A educação e o heterossexual estão em extinção.” E infelizmente constatamos a veracidade da afirmação, porque qualquer atitude parece ofender a minoria - o gay - ou a maioria conduzida – o mal educado. E que fique bem claro, não comparei tampouco disse que homossexuais são sem educação, apenas coloquei em paralelo essas dicotomias. Até por que, os gays são conhecidos, notoriamente, por suas educação e cultura. Assim, creio que devem lutar contra qualquer discriminação, porém sem apologias, pois, reitero, não gosto de nenhuma banalização sexual, julgo ser sem propósito. Porquanto, por exemplo, acredito ser muito ruim a ausência da sensualidade feminina com a consequente valorização e banalização do corpo da mulher por si só, pois particularmente julgo ser essencial aquele suspense-romanceado, é imprescindível.
Porém, nada me aborrece tanto quanto as rotulações impostas pelas pessoas, por motivos simples. Primeiro, por essência qualquer rótulo é pejorativo e reduz discussões entre pessoas com pensamentos divergentes, e debates, por mais que digam ao contrário, são imprescindíveis para o crescimento como cidadão e agente humano. Certa feita, Mário de Andrade disse: “Enquanto alguns discutem rótulos, outros discutem conteúdo.” E, cabe a mim, somente, concordar com este sensacional escritor, sem tirar nem pôr.
Também me entristece a falta de capacidade dos semelhantes se ouvirem e, claro, se respeitarem, não à toa se sentem ofendidos por nada. Mas, isto se deve ao fato das baixas escolaridade e cultura em detrimento a supervalorização do dinheiro e do supérfluo, contudo este é um problema do presente, foi do passado e provavelmente será do futuro do nosso país, e por que não, até mesmo da humanidade.
Dessa forma, deve ser claro porque não sou contemporâneo deste mundo, e para corroborar ainda há os fatos de gostar de História e ser Botafoguense. Pois, é o Botafogo, um clube formado de glórias passadas e por um amor-romance-paixão imensurável de sua terna e eterna torcida.
Destarte, talvez eu tenha, realmente, nascido atrasado ou simplesmente tenha vindo no tempo errado.

domingo, 31 de janeiro de 2010

Obra em tempos

Queria que fosses construção civil
Ou apenas um diamante
Para elevar a essência do meu corpo vil
Pois, em verdade, amo-te como amante

Uma pedra a ser lapidada
A qual não guardaria por dinheiro, apenas por amor
Este existente, entre os seres, desde o tempo em que a pedra era [lascada
Aperfeiçoando-se, embora não sem dor, sem sofrimento...Um [horror!

E, para evitar o azar, não passarei por debaixo de nenhuma escada
Senão, rimarei amor com amor
E perderei todo o encanto

Pois na vida de nada adianta ser doutor
Se não houver coração
Este cupido da emoção e razão, e que destila, em nós, o seu [acalanto.

domingo, 24 de janeiro de 2010

Ledo engano

Confundimos a palavra apego
Com a palavra a amor
Aquilo que era apenas chamego
Transformou-se em imensurável dor

Fugíamos da palavra distância
Pois criamos na onipresença como solução
Assim conjugamos todas as palavras sem nenhuma esperança
E vimos o fim de um pseudo amor e de uma verdadeira paixão

Hoje nos resta a palavra saudade
Daquilo que, supostamente, foi bom
Porém, lembrar, parece maldade
Assemelha-se quando no melhor da música perde-se o som

Ou quando no pináculo da festa cessa a luz
E para ter claridade se acende a vela
Recordar ou esquecer o amor é novamente amá-la
Porque o seu cabelo longo e negro, simplesmente, me seduz

domingo, 17 de janeiro de 2010

O dragão

O dragão cospe fogo
Exala para a natureza aquilo que já não quer
Pois o que era preciso, ele consumiu

Ele não é humano
Porém, é muito bem tratado por outros que dizem ser
Seus efeitos são desumanos

Mas quem disse que é preciso ser ser humano?
Quem pensou naqueles que dão vida ao dragão?
Os mesmos que lhe deram dinheiro?

Perguntas e respostas são inócuas
O dragão continuará a viver
E os que lhe dão a vida jamais entenderão a razão do meu porquê

domingo, 3 de janeiro de 2010

Incerteza

O futuro é inscrito em uma estrada de curvas sinuosas, chuvosa e com muita neblina, por isso não devemos ter preocupação com o que tem pela frente, devemos olhar, apenas, para o presente, e tal ação não deve ser considerada egoísta, pois trata-se de uma defesa contra o pensar naquilo que ainda não ocorreu, isto é, a boca pequena: sofrer de véspera. Porque o que ficou para trás na estrada não voltará e serviu de alicerce para o hoje. Não podemos esquecer a semana passada, no entanto, tampouco vivê-la mais, caso assim faça será um erro crucial, pois será uma queda repetida de ontem no dia de hoje, e a marcação de um futuro tropeço.

Portanto, é essencial que não sejamos escravos de conjecturas futuras, sem dúvida será mais útil sermos atores da vida que acontece agora!