domingo, 13 de junho de 2010

Quem precisa de salvação?

Ressalva: Se fores patriota de seleção brasileira, por favor, ignore-me ou então nem inicie a leitura das alíneas vindouras, pois para você será uma ofensa inenarrável. Ademais, quero deixar bem claro, que não sou contra eventos esportivos ainda mais os envolventes ao mundo, tampouco sou contra o futebol, muito pelo contrário, o esporte bretão é intrínseco às minhas veias, pulsa nelas juntamente ao meu sangue. Logo, espero que não levem como um, reducionista, pessimismo ontológico.


Pronto. O circo está armado. O carnaval iniciou-se.
Em intervalos de quatro anos, o Brasil, simplesmente, para, ou melhor, acorda para um pseudo, temporário, patriotismo, o que nos faz remeter à ideia de mais um carnaval a cada interlúdio deste. Somos definitivamente, assim, o país do feriado e carnaval muito mais do que o futebol propriamente dito, e a propósito para aqueles que não sabem, pesquisas comprovam que, em nosso país, apenas quarenta e poucos porcentos gostam e acompanham futebol, logo se corrobora a tese de que somos sim o país do carnaval e do feriado.

Pressuponho, então, que há esta mobilização porque existe uma identificação entre a seleção e o Brasil. Todavia, não duvido que essa ligação já tenha existido, porém hoje é inventada e trabalhada pelos meios de comunicação que, de certa maneira, manietam o povo. Suscito uma pergunta, dessa forma: O que é o Brasil, e o que é a seleção? Sugiro a reflexão.

Após esta, vejo uma dicotomia e uma distância colossal entre elas. Não sei ao certo, logo, se a seleção não representa o Brasil ou se o Brasil não é representado pela seleção. Vejamos bem, isto se evidencia ao passo que a maioria dos jogadores da Seleção não mora no país, não falam, cotidianamente, nossa língua, não usam a mesma moeda que nós, tem hábitos culturais diferentes e não raramente, sequer, desejam voltar ao Brasil.

Destarte, quando a seleção está em campo não enxergo o Brasil, pelo contrário, vejo um Brasil fora dele e este com fome, na miséria, sem educação, e por que não sem liberdade, uma vez que de liberdade depreende-se ter direito à saúde, cultura entre outras coisas. Lembro-me, portanto, de Gabriel O Pensador que diz: “Futebol não se aprende na escola, por isso que o Brasil é bom de bola”; certamente, senão, seríamos com a bola, nos pés, analfabetos funcionais.

Porém, assim vive o pseudo patriotismo e a cegueira total, pergunto-me, então, quantas bandeiras resistirão se houver uma eliminação precoce? Sugiro, logo, ignorarmos a seleção e nos preocuparmos com aqueles que querem os nossos olhos, somente, na seleção e investem na alienação. Por fim, invoco uma bandeira que representou e sempre representará o Brasil, trata-se de Manuel, sim, Manuel Bandeira. Se fosse, ele, vivo perguntaria, se Pasárgada é melhor e se há lugar para todos lá. Pois, melhor seria irmos para Pasárgada, porquanto lá ninguém quereria a salvação da seleção.

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