sábado, 26 de setembro de 2009

O céu

Estava olhando o céu
O meu pensamento ao léu
Avistava a crescente
E embaixo dela o mar

Formava com as estrelas o seu semblante
Permanecendo a brilhar
Os seus olhos claros, lindos e raros
Eu apenas em bobo apaixonado, como os loucos

E a noite crescia
A escuridão queria
À vista, a imagem da lua
Na mente, ela estava nua.

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Um choro

Choro porque não sei transformar o sentimento em palavra peso, e com esse peso eu fico, pois o meu interior desaprendeu, ainda que por instantes, a fazer esta tradução. Portanto, me perco no meu preenchido vazio, sem nada e ninguém, apenas contigo, enquanto, elas, as lágrimas ganham as minhas maçãs faciais de forma idêntica as folhas, quando no outono, encontram o chão. Contudo, a árvore, tanto quanto quem vos escreve, não sabe e nem consegue dizer para a terra, a minha amada, do seu amor, mas assim assimila, senti e demonstra esta ternura, por você. No fim, exatamente, no momento da dúvida cruel, não sei distinguir se esta água a molhar o latifúndio do meu coração é lágrima final ou chuva para o plantio.

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

O Brasil

Inocente.
Sem dente?
É criança!
Sem esperança.

Mas apaixonante,
Amante.
Sonho delirante,
Erro berrante.

Futuro?
Pra quê?
Somos um país dele!
E o povo ignorante.

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Atemporal

Desejaria ver algum ano não chegar ao fim, e poderia ser esse ou o próximo ou, até mesmo, outro ano qualquer daqui um século, por exemplo. Mas antes de levantar a suspeita do desejo de uma vida eterna ou um ganho de experiência sem somar mais idade, peço para esquecer tal portento, pois minha idéia é abreviar os dias 31 de dezembro e 1 de janeiro – suplico remissão aos aniversariantes das datas – do calendário, a fim de tirarmos a ilusão das pessoas de “ano velho” e “ano novo”, porque a vida é um número de anos transcorridos coligidos como se fosse, somente, um ano.

Arriscaria-me, até, a vaticinar que se assim se sucedesse o ser humano seria menos acomodado, não esperaria o ano seguinte para protestar, se opor, argumentar, agir e, ato contínuo, fazer. De modo a não esperar sentado as mudanças da vida, sem aceitar respostas pré-fabricadas, sem ouvir conceitos formulados, não deixaria à cabeça uma solução divina ou qualquer outro poder transcendental, não teríamos músicas alienantes, não esperaríamos o “ano que vai nascer”, porquanto nascido para todo o sempre já estaria, e , por fim, mais duras fossem as circunstâncias, porém, seríamos mais independentes ou menos prisioneiros.

Talvez, se dessa forma ocorresse, viveríamos e não, apenas, olharíamos o constante movimento de vai e vem do pára-brisa, no qual se tornou o viver. Contudo, para não escorrer o costume e até mesmo me adiantar a ele, desejo a todos, embora no meio do ano, um próspero ano novo, neste vindouro, porque este vivente, você crê que acabou.