quinta-feira, 23 de abril de 2009

O outono

Há inúmeras músicas e textos emanando amores e paixões pelas estações do ano, descrevendo-as de modo singular, ao qual eu, decerto, não sou capaz de imitar tampouco me atreveria. Contudo, desconheço por que cargas d’água, esquecem, ignoram ou julgam não valer a pena, o outono. Se não me falhe a memória - e ela vem se ausentando algumas vezes, não por sua culpa talvez, mas por exigência demasiada de seu patrono, por isso isento-a de culpa, mas faço o registro para caso seja preciso me perdoarem – o outono é sim, verdadeiramente, abandonado e lançado ao chão tal qual as folhas desprendidas das árvores.

Pois bem, principiemos, mas de maneira inusitada, ao invés de rogar a estação, decorremos sobre os nascentes nela. Em virtude disso, desde já, peço desculpas aos do inverno, aos da primavera, aos do verão, porquanto os do outono são diferentes...

Quem recebe os primeiros raios de luz no outono distingue-se dos demais, pois doravante, independente da estação, viverá eternamente no outono. Visto que ama com mais facilidade e não odeia com a mesma intensidade, porque é incapaz de odiar, chora tanto quanto fogem das árvores, na estação, as folhas e se elas ganham o chão, eles, os nascentes, têm sobre a face o sal fugitivo do seu âmago, lágrima por sinal perene. Mas para quem chegou ao mundo na época do quase – como descreveria Luis Fernando Veríssimo em seu texto: O Quase – a vida não é só melancolia, senão muito mais risos, muito mais intensidade, muito mais hiperatividade, muita mais alma, muito mais amor, pois nesta época o coração se ausenta, mas também necessita, e é saciado em um grau mais elevado, consoante a pueril verdade. E sobretudo, muito mais garra, muito mais guerreiro. E finalmente atingimos o cerne da questão. Exatamente, se foste bom de percepção e de raciocínio lógico entendeste e percebera no mesmo instante, que após “guerreiro” iniciamos o término da homenagem aos dessa época.

Esta vem mediante ele, São Jorge – quer você acredite nele ou não, quer na sua religião ou religiões tenha outro nome ou até mesmo seja ateu, porém não se pode negar sua força – O guerreiro. Ele não escolheria outro dia para ser seu – 23 de abril – ou outra estação, porque a ele, somente, quem enfrenta muitas dificuldades, chora demasiadamente, padece intensamente e ainda assim tem forças, pondo-se de pé a fim de continuar sua jornada com a mesma obstinação é digno desta estação, é merecedor do outono. Por tudo, os nascentes nele se enquadram em todos esses adjetivos, para alguns depreciativos, para outros indiferentes, mas para Jorge – O Guerreiro – inigualáveis. Uma vez que ele conhece e sabe que só os padecidos, os sofredores são honrosos de grandes méritos – o primeiro é nunca ter desistido – posto que exclusivamente, quem perde e chora – aprendendo com estes – dá o devido valor à vitória, chegando decerto ao pináculo almejado.

Enfim, reiterando, apenas, não menosprezamos ou desvalorizamos os nascentes de outras estações – porque utilizei as datas do ocidente, e tendo em vista o quê nessa vida consta e a ciência explica, em meio à física ou filosofia, as análises quaisquer que forem são relativas - unicamente brindamos, nós, os do outono.

3 comentários:

  1. Eu adoro o outono...as folhas caindo das árvores me deixam demasiadamente melancólica e nostálgica...eu tinha um quadro muito bonito na minha sala em Copacabana e retratava exatamente uma linda tarde de outono...boas lembranças...Obrigada por me fazer lembrar!
    Beijos da tia!

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  2. Ola visitei seu blog e gostei muito e gostaria de convidar para acessar o meu também e conferir a postagem desta semana: Super-Campeões estaduais 2009!
    Sua visita será um grande prazer para nós.
    Acesse: www.brasilempreende.blogspot.com
    Atenciosamente,
    Sebastião Santos.

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  3. Tópico interessante, o Outono é realmente preterido entre os poetas, talvez pela sua parca expressão, seu clima brando e cinza...O que por sinal o torna a época mais agradável do ano, dias de praia e noites de serra; nada como não ter nada para fazer no Outono....bons tempos, ficam as recordações. Por hora chega desse pensamento pseudointelectual digno de um pequeno burguês. Gostei do blog, iniciativa bacana.
    Segue a dica: Concisão e Clareza. Pesquise!

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