quinta-feira, 2 de julho de 2009

Um quarto sem luz

Em um quarto sem luz nos trancaram, jogaram a chave fora e não podemos sair. Não conseguimos enxergar um palmo em nossa frente, não distinguimos nada, apenas escutamos, olfateamos, palpamos e, sabe-se lá como, sobrevivemos. Fomos defestrados à nossa essência, deixando de fora a aparência, pois se não pudermos ver, de nada adianta ser belo ou feio ou estar bem ou mal vestido. Desta forma, José Saramago nos brindou com sua genialidade no seu Ensaio Sobre a Cegueira, e podemos perceber que não precisa ficar cego ou pôr vendas nos olhos, pois cegos já estamos. E não se trata de uma deficiência física visual, mas sim de uma moral, intelectual, humana, racional, uma vez que nos desprezamos sem que motivo haja, nos ignoramos como seres humanos sem qualquer subterfúgio e mesmo que tivesse o melhor possível não seria válido. Mas além dessa "súbita" cegueira, se é que podemos chamar algo tão duradoudo de breve, há a permanente, aquela tangente a manipulação ou globalização a qual nos dizem todos os dias sem nos darmos, de fato, conta. Dessa, muitos de nós tentam fugir, mas até procurar se esquivar é um modo de ser influenciado, porém pensar diferente, também, já é uma maneira de mudar, ainda que seja uma alteração ínfima, apenas ao seu redor, no seu mundo pequeno e aparentemente real. Contudo, cegos vamos sobrevivendo, mas devemos ter a esperança e acreditar na luz acesa no fim do túnel, mesmo que ela seja a televisão ligada no quarto escuro no qual fomos trancados.

2 comentários:

  1. esse é o desespero de não ter o ideal.

    mto bom seu txt...

    http://lg7fortalezace.blogspot.com/

    vlw

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  2. Luiz Guilherme, realmente há um desespeto de não ter o ideal presente no texto, mas mormente a aflição de ter um ideal fictício e produzido por empresas, imprensa e donos do capital, e assim valorizando o quê não tem tanto valor se compararmos o ser humano, consiste aí a pungência e a constante insatisfação de nós, seres humanos.

    Um abraço.

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