sábado, 3 de outubro de 2009

Não se vive mais...

“Me morro” todos os dias para poder viver ou, o mais aconselhável seria, sobreviver. Pois bem, uma de minhas infindáveis dúvidas, se não a maior, é essa se sobrevivo ou vivo, mas o sabido por mim e pelos outros é fazer inúmeras tarefas e trabalhos não apreciados e não bem quisto, por nós, para receber aquela quantia pecuniária ao término do mês. E quando este chega trazendo consigo o início do próximo e o salário, ficamos por momentos, inúteis, felizes, porque podemos comprar aquela roupa, aquele aparelho, aquela noite, aquele carro, aquela casa, e ainda aquela mulher (para uns) ou aquele homem (para outros). Ou seja, abreviamos nosso interesse em viver a fim de realizar desejos, somente, materiais e terrenhos, no mundo o qual todos são clientes e já não se é mais humano, tampouco cidadão, porém, claro está, há como sempre exceções, logo se considere do modo que bem entender, visto que não tenciono julgar ninguém, menos ainda em dividir, como se criou hábito na era contemporânea, nos errados e certos.

Portanto, ao sentir o vento gélido e feroz, da janela deste ônibus, reflito sobre a vida e pergunto-a se vale à pena sobreviver, se vale à pena “me morrer” cotidianamente, se vale a pena viver. A medida que, para mim, viver seria a harmonia plena de um dia de sol na praia e uma noite de luar as estrelas, entretanto mato-me, diariamente, fazendo algo não apetecido, a despeito de bastante aprendizado, mas espero a aposentadoria, pois nela almejo viver, no sentido cabal da palavra. Contudo, se “assassino-me” todos os dias para um dia, aquele restante, viver, talvez seja mais eficaz acreditar na sacrossanta igreja, a qual diz que ao morrer ascenderemos à vida eterna. Amém!

5 comentários:

  1. É clichê - e soará como tal, mas faz-se necessário, quiçá obrigatório dizer. Na vida devemos fazer aquilo que gostamos. Na área profissional, principalmente.

    Conheço teu "caso" e imagino como se sinta. É um martírio diário. Um desprazer contínuo "até a hora do almoço", não é?

    Como amigo, torço daqui e sei que dessa vez não passa a sua aprovação para o curso de Direito que tanto cobiça.

    Siga vivendo porque ainda temos muito o que viver aqui no "purgatório" para, depois, sim, de forma natural (ou não), conheçamos o Paraíso.

    OBS.: "(...) E quando este chega trazendo consigo o início do próximo e o salário, ficamos por momentos, inúteis, felizes, porque podemos comprar aquela roupa, (...) e ainda aquela mulher". Pegou PESADO aqui, hein? Comprar "AQUELA MULHER" foi foda. Tem certas coisas que a gente sabe QUE DE FATO OCORREM, mas não é agradável que se diga. rárárárárárá

    Um abraço, moleque. Ótimo texto.

    ResponderExcluir
  2. Muito pertinente o tema Danilo, boa abordagem.
    Seu texto me fez refletir. Cheguei a triste conclusão de que conheço apenas uma pessoa em meu circulo de amizade que esteja plenamente satisfeita com o "ganha-pão". Eu, a bem da verdade, também não estou - conclusão ainda mais triste. Embora não te sirva de consolo.

    Enfim, resolvi comentar para te dizer que engrosso a torcida com o Diego: que consiga logo o almejado curso de Direito!

    No mais, me resta repetir pra você o velho ditado inglês que - com resignação - quase todos os dias repito para o meu espelho:"MONEY TALKS".

    Beijos. Adorei o texto!

    ResponderExcluir
  3. "'Me morro' todos os dias para poder viver ou, o mais aconselhável seria, sobreviver"

    O início do seu texto, devo dizer, foi o que mais me marcou.

    Sobreviver. Não seria isso o que muitos de nós, ou deveria dizer "quase todos nós", fazemos? Essa é uma dura realidade ou, como disse o Diego, "um martírio diário".

    Porém, há males que vêm para o bem. Há vezes em que cremos que em nada nos acrescenta determinada atividade, mas que, ao fim dela, percebemos o quanto ganhamos ou aprendemos.

    Espero, sinceramente, que atinja seus objetivos e, principalmente, que sonhe. Sonhe com um amanhã diferente pois é o sonho que nos nos torna viventes, e não sobreviventes.

    Um grande abraço.

    Rodrigo.

    P.S.: Quando der, aparece lá no blog, rsrs.

    ResponderExcluir
  4. Danilo, vivendo ou sobrevivendo , o que importa é saber fazê-lo! e de modo feliz e consciente, sem criticidade do que se faz, sem despreendimento não nos tornamos um ser pleno e sim um monte de nada. bacana seu texto. inteligente e lúcido. tão lúcido que peço a sua opinião e depois, se der me diga lá no MFC, sua opinião sobre segredos e lendas do Rock and Roll, ok? abraços, leandro

    ResponderExcluir
  5. Obrigado, Diego, Cris, Rodrigo e Leandro.

    Mas, o texto não foi especificadamente ao meu "problema", foi mais amplo, diria que em caráter global, pois tenho reparado que as pessoas não trabalham em que gostam ou não fazem o que gostariam, e sim, aquilo rentável, por isso são, geralmente, mal-humoradas e infelizes.

    Confesso ter tido o "problema" com meu trabalho, porém foi no início, depois a rotina mitigou, porém sobretudo, a partir do momento que ao conversar com outras pessoas notei a insatisfação delas com o trabalho, percebi a generalização deste "problema".
    Diria que foi uma espécie de "análise em grupo", mas indireta e na qual apenas eu fazia as conclusões, por mais contrasenso que possa parecer foi isso.. hahaha.

    PS: Leandro, já fui lá e comentei.

    Abraços a todos e, uma vez mais, muito obrigado.

    ResponderExcluir