sábado, 17 de outubro de 2009

Memórias de um cidadão comum

Esqueci de nascer, fui defenestrado do ventre materno e o mundo, sem pedir, ganhei. Para o qual vim sem choro tampouco risos. Esqueci de ser educado, cortês. Esqueci de aprender o português, menos ainda o inglês, entretanto aprendi volapuque. Esqueci de estudar, mas não de ganhar dinheiro e trabalhar. Esqueci um “por favor”, um “muito obrigado”, um “com licença”, pois isso não interessava. Esqueci da vida, mas não do dinheiro. Esqueci do próximo, do ser humano, porém jamais de mim. Esqueci de minha família, pais, irmãos e amigos, pois tinha meu salário, e ele era assaz. Esqueci da mulher e filhos, porque não precisava deles, bastava-me a orgia, e eles só me traziam gastos. Esqueci de amar, posto que, apenas, me interessava ganhar. Esqueci de esquecer o passado e notei o não esquecimento de mim, porque nunca fui ninguém/alguém, porém o pior quiçá tenha sido esquecer de morrer, mas talvez tenha sido por, no princípio, ter esquecido de nascer. Portanto, ainda, vivo e sobrevivo sem nada e alguém, contudo vou comprar o meu cigarro, pois dele nunca esqueci.

O egoísmo é marca daqueles que sequer se conhecem, e, muito provavelmente, por isso tenham medo de conhecer aos outros.

Um comentário:

  1. O egoísmo é marca de todos nós. Por natureza, ou criação, somos assim. Contudo, é necessário saber balancear esse sentimento com boas doses de altruísmo, caridade e esperança, pois que é a vida senão um "ying yang", uma harmonia entre o bem e o mal?
    De todo, o texto está ótimo! Você conseguiu escrever sobre um assunto bem conhecido de forma nova e inteligente.
    Gostei :P
    Abração e até o post de cima, rsrs.
    Rodrigo (cefet).

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