sábado, 10 de outubro de 2009

Vidas diferentes?

Ele e Ela foram gerados em um lugar, por deveras, insólito, mas de concepção normal ou leia-se, quando o pai e a mãe encontram-se um dentro do outro e, consequentemente, o outro dentro de um. E seus pais, neste caso, por mais bizarro que venha parecer, eram dois casais unidos pela amizade e furor da juventude e talvez por causa dela, tiveram a ideia, extremamente louca para alguns, de se mudarem para a natureza e lá viverem, somente, a custa dela, por um pequeno período. Entretanto, a ausência de distrações impelia aos casais para as mais antigas delas, e assim seria para o homem a mulher e para a mulher o homem, contudo sem as modernidades, e, portanto, sem contraceptivos, após nove meses, cada casal foi iluminado com uma nova vida, e quis o destino que viesse um homem e uma mulher. Por tanto, estes novos seres, concebidos dessa maneira diferente, assim foram crescendo, desconhecendo a civilização, modernidade, tempo, dinheiro, pontualidade, atraso, necessidades sociais, vergonhas, palavras deste tempo como: estresse, religião, dogmas, comandos Estatais e particulares, preconceitos, maldades, bondades fingidas, interesses para isto ou aquilo e, acreditem, sem Deus, logo sem pecados, culpas, perdões, penitências e indulgências religiosas. Pois este conceito divino e seus preceitos não puderam ser passados pelos seus descendentes, uma vez que devido a uma casualidade, destas comuns em todos os cantos ou esquinas, a vida dos dois casais progenitores foi tirada inopinadamente, assim como se diz, sem aviso prévio, de modo súbito.

Por conseguinte, aquelas crianças, um garoto e uma garota, então, ainda aprendiam a falar, descobriam as primeiras amostras gratuitas da vida, conquanto tão cedo conheceram o seu oposto, a morte. Todavia, pequenos demais para entenderem e também para morrerem, foram sobrevivendo um com o outro, destarte a se descobrirem desde cedo, a qual desta luz podemos fazer a ilação sobre o sentimento cultivado entre eles, e de fato foi o companheirismo arraigado e o amor mais entranhado que se tem notícias.

Eles, assim sendo sob o nosso ponto de vista, pecaram os prazeres corporais desde cedo, quando os hormônios começam a entrar em ebulição, acerca disto também ignoravam, apenas eram tomados pela vontade e escolhas não tinham. A saber, devemos que igualmente aos pais não duraram muito, e primeiro ela se foi e por dores de ausência, solidão, e coração, porém nele verdadeiro como nunca se foi no mundo, ele finou-se por saudades. E até hoje não sabemos se essa real história inventaram ou aconteceu. Do mesmo modo que não sabemos se morreram por castigo divino ou por que é da natureza um dia, cedo ou tarde, findar-se.

2 comentários:

  1. Adorei a maneira como conduziu o texto. Achei muito interessante.
    Contudo, essa me parece a história de "A lagoa azul", rsrsrs.
    Desculpe a comparação, mas me lembrei do filme no exato momento em que comecei a ler, rsrs.
    Grande abraço e apareça no Cefet um dia desses.
    Rodrigo.

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  2. Rodrigo, em momento algum pensei em filmes, tampouco vi esse que você se referiu, apesar de ter passado milhões de vezes na tv, sempre termino de ver antes, não tenho paciência.. hahaha

    Esse texto, para mim, é uma simples contestação do alienamento causado pela religião acerca de pecados e da vida duma forma geral. Ademais, também enfatizar como as vidas - no mundo contemporâneo - são marcadas por palavras e conceitos que fora dela não fariam sentido algum, e talvez daqui algum tempo, realmente, não faça. Pois, nos preocupamos demasiadamente com coisas pequenas.

    Enfim...

    PS: Prometo, quando tiver tempo, comentar e teu blog.

    Abraço.

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