quinta-feira, 4 de junho de 2009

Compunção da lua

O céu estava crispado, com olhos quase fechados, dentes cerrados, e só a natureza noturna saberá o porquê ou, talvez, nem ela encontrará os motivos justos para tamanha austeridade celeste. No entanto, debaixo daquela cabana, similar a um faroeste do século passado ou um luau do século contemporâneo, onde tocavam músicas e jovens ouviam-na para alegrar a jogatina e bebedeira, dois olhares e rostos nunca dantes cruzados se acharam como desde o nascimento estivessem a se procurar. Neste átimo, em que ele e ela trocaram olhares e algumas palavras breves sem intenções, sejam elas primeiras ou décimas, ao menos, da parte dela, a cortina acinzentada sobre nossas cabeças se desfez e transformou o pranto da lua, escondida, em sais de alegria, graças à união mesmo fugaz daqueles dois pares de pestana. Porém, por motivos desconhecidos a nós, meros mortais, aquela turma se viu obrigada a dissipar-se e abreviando, abruptamente, a conversa, sobretudo esvaindo os olhos de um dos olhos doutro. Doravante, não saberemos quando o calor das vistas dela reencontrará as dele, se é que um dia irá acontecer mais uma vez, só temos a certeza acerca de suas conversas, as quais jamais se findarão, pois a lua será o pombo correio, enviando e entregando as mensagens ininterruptas e, mormente, enamoradas. Contudo, a última imagem é do céu coberto como outrora e o choro perene da lua, em virtude daquela dispersão.

2 comentários:

  1. TUDO MUITO LÚDICO E FANTASIOSOS, UM TEXTO BEM LEGAL E UM BLOG CUJA COESÃO E COERÊNCIA TEXTUAIS IMPRESSIONAM, PARABÉNS!LEANDRO

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  2. cara, seus comentários lá no blog foram ótimos, quanto mais gente molestando os burro-pretos, melhor! abs, leandro

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