A sutileza de abraçá-la com as
palavras, de amá-la mesmo a distância e em silêncio, de beijá-la numa troca de
olhares. A reciprocidade do sorriso que declara, tacitamente, ‘eu te amo’,
enquanto por dentro o sentimento é de ‘eu te quero’. O sorriso abraça, os olhos
beijam e as palavras acariciam. O olfato percebe o doce gosto de laranjeira ou
seria um cheiro de café, mas não, é apenas o seu aroma de mulher... Ela tem
pernas longas e belas; os olhos aduzem o gosto que se assemelha ao do vinho em
uma noite fria de outono, com as mãos sente-se que o paladar daquelas pernas é,
decerto, do calor em uma noite fria de inverno, regada a vinho tinto. Fazendo,
assim, as palavras ficarem inebriadas, o sorriso frouxo, o corpo leve e o
lençol, sutilmente, emaranhado. O tato, o paladar, a visão, o olfato e a
audição são reduzidos a mais primitiva das sensações; as mãos conduzem e fixam o
momento (e a leveza), a língua aprimora o gosto puro daquela embriaguez, o
olfato se perde por um instante, a audição agudiza e os olhos viram... Vê-la
calipígia, ao acordar, com os olhos das mãos, os cabelos longos espalhados pela
cama, o rosto dela descoberto, completamente nu, sem qualquer inibição, é uma
sensação sem igual. É possível, ainda, ouvir o som da felicidade no silêncio
matinal, sentir o perfume do seu cabelo com a ponta dos dedos, tocar sua pele
glabra e, finalmente, neste átimo de epifania, ver o gosto sutil do amor.
sexta-feira, 14 de abril de 2017
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