domingo, 19 de dezembro de 2010

Tradução

Suor que se transforma em amor
Contato corporal, com ela, tira-me a razão
Transformei-a em meu pecado visceral
Posto que não quero a cura, apenas a emoção

Sentimento acima do bem e do mal
Os poetas, por vezes, se remetem com dor
Para mim, é minha loucura
Desejo, sofreguidão, amor, paixão, usura

A contemporaneidade diz ser anormal
Mas por ela, sou outro, meu corpo ‘urra’
Sou lua e nuvem à espera de luau
O tempo de mora, ainda que um átimo, é uma surra

Alguns cantam, outros escrevem
Há quem diga que o amor não exista
Com ela, o meu existe, insiste, resiste, seja alegre ou triste
Loucuras traduzidas por mim, e não poderiam ser por mais ninguém.

domingo, 5 de dezembro de 2010

Olhos que nunca viram

Hoje, li uma reportagem em que cientistas descobriram técnicas para recuperar, na totalidade ou parcialmente, a visão de pessoas com problemas nas córneas, sejam elas desde nascença ou por vicissitudes da vida.

Particularmente, fiquei extremamente feliz, não apenas por estas pessoas realizarem o maior sonho de vossas vidas, como por me solidarizar com este sentimento, essa angústia, e essa aflição. Todavia, minha felicidade vai além, pois, para mim, estas pessoas ‘enxergavam’ o mundo de outra maneira, porque ‘olhavam’ com olhos internos, do sentimento, do verdadeiramente humano, portanto, a meu ver, se tentarem empreender ao mundo aquilo que sonhavam/imaginavam, teríamos uma substancial melhora na perspectiva da humanidade, de modo nunca antes visto. Entretanto, se esses outrora cegos estiverem ‘cegos’ da alma como outros, que sempre enxergaram, contemporâneos ou se deixarem ‘cegar’ pelos outros ou, ainda, se se considerarem insuficientes seus esforços para mudanças e desistirem de enxergar ao abrirem mão de suas idéias, estaremos, assim, fadados à hecatombe humana.

Desta forma, torna-se patente que se a humanidade continuar a conjugar os verbos, na 1ª pessoa do presente, vender e/ou vendar em detrimento do ver, no gerúndio, e, por livre arbítrio, decidir por não enxergar, sofreremos bastante. Portanto, nesta vida de ‘ver, vender ou vendar’, resta-nos ver – não ficar mudo – e mudar, pois eu, sozinho, até mudo, mas juntos mudaremos e quiçá modificaremos.