quinta-feira, 28 de maio de 2009

Açodamento

Meu lápis ganha o papel e principia a escrever o que há no meu pensamento, porém enganam-se aqueles que julgaram e ansiaram por palavras concretas amparadas na mais profunda reflexão. Elas, minha palavras, recebem vida sem preocupar-se com o ontem, mas tampouco ganham rugas de inquietação com o amanhã ainda intangível. Dessa forma, elas vão se esmiuçando e vivendo somente no hoje, sobre o qual não há muito que se falar, pois se trata apenas da primeira conseqüência. Portanto, cônscio disto, deveria seguir o exemplo de minha palavra, do meu lápis, e não fazer o que faço, contudo preocupo-me com o ontem e crispo minha face com o inalcançável amanhã, e tento saciar-me com o inexistente. Logo, minha sede não pode ser saciada com o que já existiu ou com aquilo que nunca houve, sabendo disto, por que não procedo certo? Por que tento beber o volátil em detrimento do líquido? Talvez a resposta seja em um único motivo de existir como ser humano. Todavia se você, também humano que é, lograr em descobrir este porquê não será o descobridor dos sete mares, mas chegará na felicidade terrenha e caso consiga, por favor, aos outros tenha compaixão de ensinar.

quinta-feira, 21 de maio de 2009

Ausência

Ofereça tudo a quem você ama, seja o possível, tangenciável, e se puder até mesmo o impossível, o intangendo. E caso, ainda assim, não haja retribuição ao seu amor, ao seu carinho, não escolha a vereda do desespero como única alternativa ou como solução, pois este te cegará e não fará resolver o busílis da questão. Somente, existe um modo para resolução, portanto dar aquilo nunca pensado para quem, verdadeiramente, ama, isto é, uma junção entre o tangível e intangível, entre o que pode ser visto e o apenas sonhado, esta é a sua ausência. Ela é para os primeiros ou últimos, novos ou velhos, românticos uma ofensa sem precedentes, contudo apenas a presença da ausência nos faz valorizar o que temos e quando temos, podendo ser matéria peso e sentimental, da mesma maneira que se dá valor ao sol na chuva, e no sol à chuva. Destarte, a ausência é feito um eclipse, porque oculta algo dante a vista, porém não apreciado, ao ponto ser necessário ter a presença da ausência para reconhecer, a verdadeira, presença. Por isso ofereça a ausência, faça dela sua ausência. É sua minha ausência.

quinta-feira, 14 de maio de 2009

Seres, inconstantes, humanos

Somos seres – inconstantes - humanos, a divina das máquinas, porém temos um problema inerente e este se constitui de nossos pensamentos, pois podemos nos encontrar felizes em dado momento e logo, no segundo seguinte, não mais. Temos a capacidade, também, do oposto, isto é, gostar e desgostar, amar e desamar, entre outras inúmeras duplas mundanas. E ao que tange a paciência e impaciência, se ora estamos virtudiosos nada precisa acontecer e ainda assim ficamos intransigentes, contudo algo sempre ocorre e nós transformamos em álibi. Todavia, inexiste situação tão banal à nossa mazela do consciente que a alternância entre a certeza e incerteza e para flutuarmos de uma balsa à outra necessita, somente, que o ponteiro mais fino e rápido do relógio dê alguns passos. Portanto, não há o porquê de nos queixarmos de terceiros, quartos e quintos, uma vez que esse sentimento, essas intermitências são comuns para todos, e se você já não sofreu, decerto, já fez alguém sofrer. Caso não tenha ocorrido nenhuma cousa tampouco outra, espere, porque ocorrerá uma ou as duas. Tal vaticínio é tão certo quanto o nascer do sol amanhã ou depois.

quinta-feira, 7 de maio de 2009

Funções originais

Se meus olhos escrevessem seriam o Camões da literatura, descreveriam você com toda sua beleza e luz, repleto de seus contornos singulares e inteligência insólita. Porém, aos meus quando encontrassem os seus haveria um derramamento, inevitável, de sal que talvez outrora fossem lágrimas de Portugal. Este fato aconteceria através de um sentimento intermitente, aflitivo, pungente, abortivo e, sobretudo, amoroso, apaixonante de dois pares que, juntos, brilham por brilhar tal qual o sol nasce por nascer e o dia se inicia e se finda todos os dias, portanto seria algo que meus olhos com toda a retórica e perícia descritiva jamais lograriam precisar. Por fim, pediria humildemente, a eles, para voltarem às suas funções originais de nortear a vida. Pois, este mísero e precioso segundo de encontro dos brilhos meus aos teus é indescritível, não pede palavras, porquanto suplica pelos vossos fechamentos, porque desta margem em diante o amor faz sua parte.